quinta-feira, 23 de junho de 2011

As borboletas e o casulo

101598995, myan campbell-zurek /Flickr
"Duas lagartas teceram cada uma seu casulo. Naquele ambiente protegido, foram transformadas em belíssimas borboletas. Quando estavam prestes a sair e voar livremente, vieram as ponderações. Uma borboleta, sentindo-se frágil, pensou consigo: "A vida lá fora tem muitos perigos. Poderei ser despedaçada e comida por um pássaro. e mesmo se um predador não me atacar, poderei sofrer com as tempestades. Um raio poderá me atingir. As chuvas poderão colabar minhas asas, levando-me a tombar no chão. Além disso, a primavera está acabando, e se faltar o néctar? Quem irá me socorrer?". Os riscos de fato eram muitos, e a pequena borboleta tinha suas razões. Amedrontada, resolveu não partir. Ficou no seu protegido casulo, mas como não tinha como sobreviver, morreu de um modo triste, desnutrida, desidratada e, pior ainda, enclausurada pelo mundo que tecera. A outra borboleta também ficou apreensiva; tinha medo do mundo lá fora, sabia que muitas borboletas não duravam um dia fora do casulo, mas amou a liberdade mais do que os acidentes que viriam. E assim, partiu. Voou em direção a todos os perigos. Preferiu ser uma caminhante em busca da única coisa que determinava sua essência."

Um pensamento próprio...
Digo por mim mesma, às vezes tenho receio do que me espera lá fora. Cresci acolhida, na super-proteção de minha família, brincando de boneca e achando que havia tesouro no fim do arco-íris. Mas chega uma hora em que a família não nos dá uma super-proteção, chega a hora que temos que sair de nossas casinhas acolhedoras e arriscar-se em um mundo tão cruel e injusto. Mas não há nada que possamos fazer para evitar tal coisa, um dia crescemos, temos que enfrentar nossos próprios problemas, nossas próprias frustrações e não há mais ninguém que possa viver por nós a não ser nós mesmos. Mas é chegada a hora, a hora em que o casulo começa a incomodar em que o anseio pelo néctar pulsa mais forte em nossos corações. Lagartas crescidas, virando lindas borboletas.
Crescer, que palavra intrigante!
Crescer é saber que a maturidade vem com o tempo e que a infantilidade só é bom se nos fazer sorrir, crescer é saber a hora certa de parar e de seguir em frente; crescer é ir em busca dos seus sonhos, lutar por eles e se no meio da jornada descobrir que não era nada daquilo, ter sabedoria para recomeçar. Crescer é mais do que tudo assumir que nunca será grande o bastante, é ainda se lambuzar de sorvete, ver desenhos animados e ouvir cantigas de roda. Crescer é esquecer as falsas verdades que tecemos em "nosso mundo". Crescer é ter discernimento e saber o que é bom ou não para você, é saber que não podemos viver sozinhos e que somos eternamente dependente um dos outros, é ter humildade e compaixão. Crescer é ser cada dia um pouco mais nós mesmos, ter sempre uma arma para lutar e uma razão para ir em frente. Às vezes é difícil sair do casulo e da nossa área de conforto, porém, mais difícil ainda é continuar na mesmice e não querer alcançar o auto-conhecimento.
Crescer é ,de fato, inevitável!

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